Bruno e Dom foram mortos com tiros de arma de caça, diz perícia

Exames confirmaram que restos mortais achados na floresta são do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips

Por Cristiano Rodrigues 18/06/2022 - 19:44 hs

Perícia da Polícia Federal (PF) indicou que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira foram mortos com tiros de uma arma de caça. Os exames também confirmaram que parte dos restos mortais são mesmo de Bruno. A identificação de parte do cadáver de Dom já havia sido feita, por meio da arcada dentária.

De acordo com nota divulgada pela Polícia Federal, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. O jornalista foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.

"Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística, nos próximos dias, serão concentrados nos exames de genética forense, antropologia forense e métodos complementares de medicina legal, para identificação completa dos remanescentes e compreensão da dinâmica dos eventos", diz a nota.

Prisões

Três pessoas já foram presas pelo crime — dois irmãos, Amarildo dos Santos, mais conhecido como "Pelado", e Osoney da Costa, e Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha". Lima se entregou neste sábado (18). Ele era considerado foragido pela polícia, que investiga a participação dele nos crimes.

Amarildo teria confessado que matou o indigenista e o jornalista, esquartejou os corpos e ateou fogo neles com a ajuda do irmão. Ele indicou à polícia o local onde os cadáveres teriam sido enterrados.

Phillips e Pereira desapareceram na região do Vale do Javari, no Amazonas, no último dia 5. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino. O jornalista e o indigenista, que era funcionário licenciado da Funai, pretendiam realizar entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões nas terras indígenas da região.

Região de conflitos

O Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotráfico. Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo.

A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, em Roraima, na divisa com a Venezuela, que tem  9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, possível apenas por avião ou barco.

Procurador-geral vai ao Amazonas

Neste domingo (19), o procurador-geral da República, Augusto Aras, vai a Tabatinga, no Amazonas, discutir a atuação do Ministério Público Federal (MPF) e a articulação com outras instituições públicas como forma de combater crimes na região.

Aras vai se reunir com os coordenadores das câmaras de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais e Criminal do MPF e com o procurador dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena. Também serão discutidas formas de enfrentamento a violações de direitos indígenas, diz nota divulgada pela instituição.